04/08/2013

Como Faraday se tornou autodidata

Michael Faraday nasceu a 22 de setembro de 1791 em Newington Butts, Surrey, atual Londres, Inglaterra e morreu em 25 de agosto de 1867 em Hampton Court, Middlesex, Inglaterra.

Faraday tem sua história de vida marcada por uma infância pobre e pela necessidade de trabalhar quando ainda era jovem. Teve oportunidade de aprender o ofício de encadernador de livros, fato que possibilitou a ele realizar muitas leituras durante as horas de descanso. Mais tarde, assistiu a uma série de quatro palestras de um grande químico da época, Humphrey Davy (1778−1829), e anotou detalhadamente cada uma delas. Posteriormente enviou suas anotações ao palestrante e pediu a ele qualquer cargo em seu laboratório para trabalhar com a Ciência. Dois anos depois foi convidado a ingressar como assistente de laboratório no Instituto de Ciências da Grã-Bretanha.

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Durante quatro décadas, Faraday dedicou-se a esse trabalho, conseguindo ocupar o cargo de diretor desse instituto. Nele teve a oportunidade de revelar a sua capacidade criativa e desenvolver inúmeros experimentos. Faraday é considerado um grande experimentalista e um dos mais importantes da história da Ciência. Como não teve uma formação profunda em Matemática e Física avançada, desenvolveu outros artifícios para descrever os fenômenos físicos. Foi, por exemplo, o idealizador das linhas de campo. Conta-se que ele fez mais de 30 mil experimentos e que mantinha anotações precisas de todas elas em seus diários.

Como outros cientistas da sua época, dedicou-se aos experimentos que envolviam as descobertas de Oersted, relacionadas a Eletricidade e Magnetismo. Estudou, por exemplo, a força de atração e repulsão entre dois fios condutores próximos quando percorridos por corrente elétrica, desenvolveu os primeiros trabalhos que deram origem aos motores elétricos, cunhando o termo "rotação eletromagnética", e descobriu a indução eletromagnética, fenômeno responsável hoje pela geração de energia na maior parte das usinas atualmente.

Nessa época, os grandes cientistas eram estimulados a pesquisar sobre Eletromagnetismo, pois este apresentava propriedades desconhecidas, como as interações entre dois fios condutores por onde passam corrente e o efeito circular em volta de um fio indicado pelas bússolas.

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[Durante a realização de seus experimentos, Faraday notou que, ao introduzir um ímã no interior de uma bobina, esta era percorrida por uma corrente elétrica. Essa verificação levou-o a deduzir que seria possível obter uma corrente constante caso o fio condutor se movesse, sem interrupção, nas proximidades do ímã.]

Além de relacionar os dois fenômenos, eletricidade e magnetismo, justificou o comportamento dos ímãs da seguinte forma:

No interior do ímã há correntes internas permanentes que provocam forças de atração e repulsão sobre correntes elétricas permanentes de outro ímã.

Caso essas correntes tenham o mesmo sentido, as extremidades dos ímãs se atraem e, caso o sentido das correntes seja oposto, as extremidades se repelem. O fato de Faraday não possuir formação acadêmica, além de não diminuir o brilhantismo das suas pesquisas, predominantemente experimentais, fez dele um autodidata.

Apesar de Faraday não possuir formação acadêmica, tornou-se um grande cientista e os principais fatores que tornaram isso possível foram: sua incrível capacidade criativa para interpretar os fenômenos empíricos; sua persistência para testar experimentalmente suas observações científicas; e também sua capacidade de estudar por conta própria.

Referências:

  • Física V3 - Aula por aula- Xavier e Benigno - Ed. FTD

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COMO REFERENCIAR ESSE ARTIGO: Título: Como Faraday se tornou autodidata. Publicado por Kleber Kilhian em 04/08/2013. URL: . Leia os Termos de uso.


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7 comentários:

  1. Michael Faraday é um ícone para os físicos experimentais de todo o mundo. O mais interessante é que, mesmo sem possuir sólido embasamento matemático, suas conclusões experimentais inspiraram Maxwell à deduzir as mais belas equações da física. Ótimo artigo, professor. Parabéns.

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    1. Olá Diogo, obrigado pelos comentários sempre precisos e perspicazes. Os experimentos e as descobertas de Faraday foram muito importantes no desenvolvimento da teoria da eletricidade e do magnetismo, o que promoveu um grande avanço nas ciências.

      Um abraço!

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  2. Sem dúvida um grande exemplo de autodidata e excepcional experimentalista.
    Este importante personagem da história da Física e da Química ficou conhecido pela Gaiola que leva seu nome, e também pela Lei de Faraday-Neumann-Lenz, mais conhecida como Indução Eletromagnética, que na minha opinião, foi a mais importante de todas, pois como bem se frisou no texto(por sinal muito bem escrito), ela permitiu que surgisse o Gerador Elétrico, até hoje nos ajudando nas tarefas que não conseguimos mais dispensar em nosso dia-a-dia.

    No S.I., acabaram escolhendo o Farad (F) como unidade de Capacitância, que corresponde a C/V, ou seja, a quantidade de carga (em Coulombs) armazenada por um capacitor sujeito a uma ddp de 1 Volt.

    Muito boas as informações prestadas neste post em homenagem a este grande pesquisador. Nós sabemos que devemos muito a eles, não é mesmo, Kleber?
    Eu falo para meus alunos:
    Imagina se estes caras ficassem se perguntando naquela época, como vocês fazem a todo momento; Para que vai servir isso?
    Certamente, nenhum de vocês estariam usando estes foninhos de ouvido, por baixo do capuz(para que o professor não veja), para se desligarem da aula de Física.
    Aliás, eu acho que esta pergunta (Pra que vai servir isso?) vem sendo feita desde o tempo da caverna. Eu fico imaginando um dos nossos ancestrais humanóides, que ousasse realizar uma atividade inovadora e criativa, indo um pouco além do que os outros conformistas colegas seus. Vamos supor que por um motivo qualquer ele resolvesse experimentar bater pedras umas com as outras para tentar formar uma roda. Quase certeza de que deve ter passado de louco, tendo que ouvir a velha pergunta dos demais; Pra que vai servir isso?

    Tem até uma história parecida, ou lenda como queira sobre Faraday e a Rainha da Inglaterra, que achei na Wikipedia. Permita-me aqui reproduzí-la:

    "Há relatos de um evento supostamente ocorrido com Faraday que é usado até hoje como forma de satirizar aqueles que não conseguem encontrar relevância em trabalhos de pesquisa básica, como os realizados por Faraday. Certa vez Faraday recebeu uma visita da rainha da Inglaterra em seu laboratório. Quando a rainha lá chegou, Faraday logo se pôs a mostrar-lhe todas as suas invenções e descobertas. Ao terminar a demonstração a rainha perguntou:
    - Mas para que servem todas essas coisas?
    Ao que o sábio físico respondeu:
    - E para que serve um bebê?"

    Infelizmente, as vezes tenho a impressão de que estamos regredindo, pois os jovens de hoje, em sua grande maioria, se conformam com a vida que tem, e acham que não há mais nada para ser melhorado.

    Abraço....e parabéns pela divulgação deste texto.

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    1. Olá Jairo, obrigado por mais um comentário relevante neste blog.

      Sei bem o quanto Faraday foi importante e o que ele representa para os dias de hoje. Como bem sabe, sou técnico em eletrônica há... 17 anos pelo menos. Estava explicando para um rapaz como era feita a associação de capacitores em série e paralelo. Então procurei na internet algum texto explicativo, mas sinceramente fiquei decepcionado com a qualidade que vi por aí. Então procurei nos meu livros e me deparei vários textos sobre eletromagnetismo: força eletromotriz, corrente induzida, a lei de Faraday, a lei de Lenz. Em um dos livros havia esse texto que reproduzi que achei espetacular. Que bom que gostou.

      Vou me aprofundar um pouco mais sobre a lei de Faraday e tomara que dê um bom post. Quero também fazer um artigo decente sobre capacitores e suas associações.

      Bem, A mente de Faraday era brilhante e não podemos deixar de mencionar sua força de vontade em experimentar suas ideias, pois se não fosse essa vontade de demonstrar na prática o que imaginava, talvez as suas descobertas teriam demorado algumas décadas a serem postas à prova por outros gênios.

      Talvez esteja nessa curiosidade de querer demonstrar que resida a diferença entre aqueles que fazem a pergunta "para que isso serve?" e procuram saber para que serve e encontram aplicações e aqueles que só sabem encher o saco em sala de aula. Uma pena estes jovens não aproveitarem as oportunidades e usarem seus cérebros para grandes feitos.

      Lenda ou não, podemos ver que mesmo aqueles que tem o poder sobre a massa, pode não ter inteligência o suficiente para ver que o estudo científico é fundamental para a evolução da humanidade.

      Obrigado amigo pela visita. Um abraço!

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  3. Anônimo1/1/15 02:10

    Faraday tinha por hábito carregar um livro chamado "The Improvement of The Mind", de autoria de Isaac Watts.

    http://archive.org/details/improvementofmin00wattuoft
    http://www.amazon.com/The-Improvement-Mind-Classic-Reprint/dp/B008H99QGA
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Isaac_Watts (ver wikipédia anglófona)
    http://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Faraday#Early_life

    Este livro foi decisivo à formação de Faraday.

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    1. Olá amigo, obrigado pela informação e pelos links.

      Um abraço!

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  4. Eu também sou Cientista Autodidata me chamo: JOSÉ FERREIRA SANTIAGO (Santiago Cientista Autodidata) Sou Autor da Obra: A Origem do Universo e quem é Deus?

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